Vivemos num momento em que é quase obsceno se permitir estabelecer compromissos amorosos. Essa constatação ocorre tanto nas ralações heterossexuais quanto nas homossexuais e demais maneiras de expressar-se o desejo. Independente da faixa etária e da classe social, as queixas quanto às dificuldades para estabelecer uma relação amorosa com vistas a criar vínculos afetivo-sexuais significantes têm sido constantes.
Não tem sido tarefa fácil para aqueles que não se enquadram no modelo das relações descartáveis. Nessa luta contra as relações efêmeras, homens e mulheres perguntam: “Por que não acho alguém que queira sair da rota dos relacionamentos de bolso e das noites avulsas de sexo?”. Diante dessa instigante questão a pesquisadora Maria Alves indaga: “Que amores são esses?”
Observem estes relatos: “Ufa! Cansei de fazer de conta que estou feliz. Cansei das ficantes. Estou só…” (Profissional liberal de 35 anos); “Nossa, como a solidão dói! Estou cansado de procurar uma companheira! Uma que esteja a fim de curtir não só sexo… Ah! Sei lá, ando tão decepcionado e tão só que penso que não nasci para viver nesse tempo, não sei viver sozinho, gosto de dividir.” (Advogado de 36).
*Dra. Maria Alves de Toledo Bruns é líder do Grupo de pesquisa Sexualidade & Vida e co-autora do livro “Educação Sexual pede Espaço: Novos horizontes para a práxis pedagógica”, editora Omega.